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Como Gerenciar Expectativas e Evitar a Sobrecarga Emocional na Maternidade

A maternidade — especialmente quando vivida de forma consciente — nos convida a uma presença profunda. Queremos ser mães atentas, respeitosas, conectadas... mas também temos casa, trabalho, cansaço, dúvidas e dias em que só queremos um segundo de silêncio. E no meio disso tudo, muitas vezes nos vemos tentando alcançar uma versão idealizada de nós mesmas — o que, inevitavelmente, gera frustração, culpa e sobrecarga.


Se você já sentiu que não está "dando conta", saiba que você não está sozinha. E mais: isso não significa que você está fazendo algo errado. Muitas vezes, o que está te pesando não é a maternidade em si, mas as expectativas invisíveis (ou bem visíveis!) que você vem carregando.



Expectativas irreais: de onde elas vêm?


Vivemos em uma era em que a comparação acontece em tempo real — redes sociais mostram momentos perfeitos e esquecem de mostrar os bastidores. Vemos fotos de quartos impecáveis, crianças concentradas em atividades calmas, mães serenas tomando café com as duas mãos. Mas o que essas imagens não mostram são as pausas, os choros, as dúvidas, o cansaço. Aos poucos, começamos a achar que isso é o normal — e que se a nossa realidade é diferente, estamos falhando.


Além disso, carregamos heranças invisíveis: expectativas da nossa família, da sociedade, e até da criança que fomos um dia. Talvez você tenha crescido ouvindo que uma mãe boa “dá conta de tudo” ou que “criança bem-educada obedece sem questionar”. Essas crenças ficam guardadas em algum canto da mente, e mesmo sem perceber, elas moldam o que você espera de si mesma — e dos seus filhos.


Também criamos expectativas a partir de momentos isolados. Uma vez que seu filho dormiu cedo sem resistência, pode surgir a ideia de que aquilo agora “deveria” acontecer sempre. E quando não acontece, vem a frustração. O problema não é ter expectativas — é quando elas se tornam rígidas, idealizadas, e não compatíveis com a nossa realidade do dia a dia.


Esperar que o dia vá fluir perfeitamente, que a criança vá cooperar sempre, ou que você vá estar 100% paciente o tempo todo... tudo isso nos afasta do presente. Nos impede de viver com leveza. Quando aceitamos que os dias têm altos e baixos — que o caos também é parte da construção — começamos a encontrar paz na imperfeição.





Como gerenciar essas expectativas?


1. Revisite seus padrões


Pergunte-se: o que você está tentando provar — e para quem? Você precisa mesmo fazer atividades todos os dias? Precisa ter a casa impecável todos os dias? Precisa de ir ao parquinho todos os dias? Questionar esses “deveria” é libertador.


2. Seja honesta com sua energia


Existem dias em que a energia simplesmente não está lá. E tudo bem. Ajustar sua rotina com base no que você consegue entregar (sem culpa!) é uma forma de praticar autocuidado e ensinar seu filho sobre limites humanos reais.


3. Crie rotinas flexíveis


Estrutura é importante, especialmente para crianças, mas a rigidez pode ser inimiga da leveza. Estabeleça ritmos (não relógios), permitindo espaço para ajustes conforme o clima emocional do dia.


4. Cultive o “bom o suficiente”


Nem sempre seremos mães brilhantes. Às vezes, seremos apenas suficientes — e isso é mais do que adequado. Mostrar aos nossos filhos que erros e imperfeições fazem parte da vida também é educação emocional.



Evitando a sobrecarga emocional


A sobrecarga acontece quando nossas necessidades ficam em segundo plano por tempo demais. Quando esquecemos de comer com calma, de respirar fundo, de dizer "não posso agora" ou de simplesmente pedir ajuda. Aqui vão alguns lembretes simples (mas profundos):


  • Você não precisa ser tudo para todos.


  • Ser mãe não anula quem você era antes.


  • Cuidar de você é parte essencial de cuidar da sua família.


  • A criança que você está criando também está te ajudando a se reconstruir.


Gerenciar expectativas é, antes de tudo, um convite à honestidade interna. Um lembrete de que a maternidade não precisa ser vivida com perfeição, mas com verdade, presença e uma dose generosa de compaixão — por você e pela criança que você foi (e que ainda vive dentro de você).


Se você está cansada, diminua o ritmo. Se está se cobrando demais, respire.


O seu valor não está no quanto você produz — mas no quanto você ama, mesmo nos dias mais caóticos.

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